quarta-feira, 23 de outubro de 2013
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
O castelo de Hamlet e Sofia Mecklenburg da Dinamarca
O vestido da rainha Sofia Mecklenburg que se encontra no castelo de Hamlet na Dinamarca foi tingido com o corante cochonilha do carmim. Na época colonial o corante carmim era tão valorizado quanto a prata e o ouro. Atualmente o uso do carmim movimenta cerca de US$ 75 milhões ao ano no mundo.
domingo, 28 de julho de 2013
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Ai Wei Wei
O artista chinês Ai Wei Wei se apropria de uma série de vasos de cerâmica da Dinastia Han e do período Neolítico para intervir com a grafia da Coca-cola. Ao se apropria de vasos de cerca de 5000-7000 anos, Ai Wei Wei propõe uma espécie de 'anarquelogia', negando a preservação de um passado histórico e se aproximando de idéias futuristas.
Manifesto Futurista
Manifesto Futurista – Filippo Marinetti
(publicado no dia 20 de fevereiro de 1909 no jornal francês Le Figaro)
1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito à energia e à temeridade.
2. Os elementos essenciais de nossa poesia serão a coragem, a audácia e a revolta.
3. Tendo a literatura até aqui enaltecido a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono, nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insónia febril, o passo ginástico, o salto mortal, a bofetada e o soco.
4. Nós declaramos que o esplendor do mundo se enriqueceu com uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com seu cofre adornado de grossos tubos como serpentes de fôlego explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralhadora, é mais belo que a Vitória de Samotrácia.
5. Nós queremos cantar o homem que está na direção, cuja haste ideal atravessa a Terra, arremessada sobre o circuito de sua órbita.
6. É preciso que o poeta se desgaste com calor, brilho e prodigalidade, para aumentar o fervor entusiástico dos elementos primordiais.
7. Não há mais beleza senão na luta. Nada de obra-prima sem um carácter agressivo. A poesia deve ser um assalto violento contra as forças desconhecidas, para intimá-las a deitar-se diante do homem.
8. Nós estamos sobre o promontório extremo dos séculos!... Para que olhar para trás, no momento em que é preciso arrombar as portas misteriosas do impossível? O tempo e o espaço morreram ontem. Nós vivemos já no absoluto, já que nós criamos a eterna velocidade omnipresente.
9. Nós queremos glorificar a guerra - única higiene do mundo - o militarismo, o patriotismo, o gesto destrutor dos anarquistas, as belas idéias que matam, e o menosprezo à mulher.
10. Nós queremos demolir os museus, as bibliotecas, combater o moralismo, o feminismo e todas as covardias oportunistas e utilitárias.
11. Nós cantaremos as grandes multidões movimentadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela revolta; as marés multicoloridas e polifônicas das revoluções nas capitais modernas; a vibração noturna dos arsenais e dos estaleiros e suas violentas luas elétricas; as estações glutonas comedoras de serpentes que fumam; as usinas suspensas nas nuvens pelos barbantes de suas fumaças; as pontes para pulos de ginastas lançadas sobre a cutelaria diabólica dos rios ensolarados; os navios aventureiros farejando o horizonte; as locomotivas de grande peito, que entoucinham os trilhos, como enormes cavalos de aço freados por longos trilhos, e o vôo deslizante dos aeroplanos, cuja hélice tem os estalos da bandeira e os aplausos da multidão entusiasta.
terça-feira, 28 de maio de 2013
sábado, 25 de maio de 2013
domingo, 5 de maio de 2013
microcosmo em macrovisões
Ao me deparar com a cochonilha do carmim, impressionou-
me o sacrifício de toneladas de insetos que cumprem a função de
enfatizar a cor do alimento para provocar um estímulo ao paladar, no
entanto, não interferindo nele. Iniciei uma pesquisa assídua sobre a
cochonilha do carmim, suas características biológicas, seu impacto
ambiental e sua possível utilização como linguagem poética. Resolvi
que a cochonilha seria meu ponto referencial, como uma âncora,
que representasse um microcosmo - complementar de todo o resto.
A minha pesquisa com a cochonilha se iniciou com uma inves-
tigação sobre suas características biológicas e sua relação com o
meio, no qual devires poéticos proporcionaram a apropriação de vida meramente funcional ou orgânico. As articulações criadas tor-
naram possível a simbologia da cochonilha como um microcosmo
para reflexões poéticas.
Busca-se
uma transposição desse microcosmo para uma macrovisão em que
a simbologia conduziria a uma reflexão ética e estética. A realidade
passaria a ser percebida por meio de um olhar fragmentado, situado numa realidade fictícia, na qual criamos vários artifícios para torná-la mais apreensível.
A proposta inicial da minha pesquisa sempre foi encontrar uma unidade entre as coisas (por mais arbitrárias ou aleatórias que
aparentem ser) e resultou que a relação entre as coisas é o que cria
a unidade. Busco observar o ciclo de vida da cochonilha do carmim,
ou as transformações biológicas que resultam de sua interação com
o meio ambiente, e a sua utilização como matéria-prima dentro de
um sistema econômico e social.A partir de uma análise do microcosmo, surgem macrovisões
sobre a causa e efeito de sua interação com o meio.
Última Ceia de Marco Zapata – Catedral de Cusco
Na pintura da Última Ceia na Catedral de Cusco, Cristo e seus discípulos aparecem compartilhando um porquinho-da-índia. Apesar do domínio espanhol ter erguido muitas igrejas no lugar onde antes haviam palácios Incas, a herança cultural das civilizações pré-colombiana podem ser vistas em exemplos como esse.
quinta-feira, 2 de maio de 2013
Bruce Chatwin (1940-1989, novelista e escritor de viagens, foi também perito da Sotheby's em Impressionismo.Depois de viajar ao Sudão, Chatwin se desinteressou pelo seu trabalho e voltou sua atenção a arqueologia. Em 1966 se matriculou na Universidade de Edimburgo para estudar arqueologia, mas logo se desinteressou e abandonou a universidade antes de se formar.
Chatwin iniciou a carreira de escritor quando foi contratado pela revista Sunday Times Magazine para cobrir temas de arte e arquitetura. Em 1974 viajou a America Latina, visitou o Peru, tirou uma foto de Maria Reiche em cima da escada no deserto de Nasca, e passou seis meses na Patagônia onde situou seu primeiro livro de viagens (In Patagonia, 1977) no qual misturava relatos verdadeiros com personagens ficcionalizados.
Em The Viceroy of Ouidah (1980) Chatwin relata estudos ficcionais sobre o negócios de escravos na região de Benim, na África. O livro se baseia na história do maior negociante de escravos do Brasil: Francisco Félix de Sousa.
Francisco Félix de Sousa (1754-1849) foi o maior traficante de escravos brasileiros que eram trazidos da atual cidade costeira Uidá na República de Benim. O litoral da baía de Benim era internacionalmente conhecida como "Costa dos Escravos", tratando-se de seu maior 'produto' de exportação. Os escravos eram pagos com búzios (moeda local) ou mercadorias importadas da Europa, como armas de fogo, pólvora, facas, tecido de algodão, lãs e seda. Franciso Félix tornou-se um dos homens mais ricos de seu tempo, mas teve seu negócio arruinado após a abolição de escravos que fez com que seus navios negreiros fossem confiscados pela frota britânica. Morreu aos 94 anos deixando 53 mulheres viúvas, 80 filhos e 2 mil escravos sob sua custódia.
O filme Cobra Verde (1987) dirigido por Werner Herzog foi inspirado na obra The Viceroy of Ouidah de Bruce Chatwin que, por sua vez, foi baseado na história de Francisco Félix de Souza.
Klaus Kinski faz o papel de Francisco Manoel da Silva, personagem fictício inspirado em Francisco Félix de Souza. Apesar dos descendentes de Francisco Félix alegarem que ele era branco e loiro, o mais provável é que tenha sido mestiço, pois era filho de um português traficante de escravos com uma escrava.O filme, também conhecido como Slave Coast, foi filmado no Brasil, na Colombia e em Ghana.
A história retrata o rei Adandozan sendo derrubado pelo seu meio-irmão Guapê com a ajuda de Francisco, que recebeu o título de Chachá e o cargo de primeiro conselheiro do reino de Daomé. Francisco havia sido ameaçado de morte pelo rei Adandozan após tê-lo confrontado em um negócio no qual ele lhe devia escravos. No entanto, era um tabu e superstição matar um homem de pele branca, então o rei ordenou que Francisco Félix fosse imergido em tonéis de índigo para que ficasse azul-escuro.
PROJETO NAZCA
O projeto pretende dar continuidade a uma pesquisa no sítio arqueológico de Nazca, propondo um diálogo entre a arte contemporânea e uma expressão artística milenar, além de uma reflexão crítica sobre as abordagens históricas e arqueológicas. A proposta inclui criar uma série de esculturas (ou objetos) que se comunicam com resquícios culturais de civilizações pré-colombianas. Ao se apropriar de imagens encontradas em ruínas e sítios arqueológicos, e de registros históricos, a ideia é apontar para limiar entre a ficção e a verdade.
As esculturas deverão se confundir com os objetos encontrados em sítios arqueológicos, criando uma narrativa histórica fictícia, na qual a forma do objeto não condiz com a sua função; também remeterão a facas e espadas que ferem quem tente utilizá-las. Alguns processos químicos serão testados para um efeito de envelhecimento das peças. A intenção é de questionar a abordagem histórica paradigmática, de sempre encaixar uma função mística ou ritualística a expressões artísticas de civilizações pré-colombianas.
domingo, 28 de abril de 2013
paisagens transitórias
"We make a mistake, says Seamus Heaney, if, driving down a road between wind and water, overwhelmed by what we see, we assume we will see "it"better if we stop the car. It is there in the passage."
Maria Reiche
Maria Reiche imigrou para o Peru durante o apogeu do Partido
Nacional Socialista e de uma grave crise econômica na Alemanha. Sua
mãe foi uma pioneira do feminismo na Alemanha e seu pai, abatido no
campo de batalha da Primeira Guerra Mundial, exercia um cargo político
municipal. Reiche passou 50 anos de sua vida buscando comprovar
a ligação das linhas e dos desenhos de Nazca com o comportamento
dos astros e das constelações. Lutou também pela preservação do
sítio arqueológico e pela educação da população local. É conhecida,
ainda, por varrer o deserto, descobrindo – no sentido de encontrar e
compreender – os resquícios de uma cultura milenar. Reiche morreu
em 1998, aos 98 anos de idade, em Nazca.
segunda-feira, 22 de abril de 2013
vermiculum
Durante o período da colonização, a cochonilha foi tão explorada quanto a prata, e tão difundida quanto a batata por los conquistadores espanhóis. As roupas do cardeais nesta época eram tingidas com o inseto da espécie kermes vermilio (que deu origem ao nome latim vermiculum, e a palavra português "verme" e "vermelho".) Ao descobrirem no carmim um vermelho mais vibrante e duradouro, o inseto dactylopius coccus passou a ser cobiçado pela colônia.
Atualmente, o uso do carmim movimenta cerca de US$ 75 milhões ao ano no mundo.
domingo, 14 de abril de 2013
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Ao buscar a localização de Nazca em relação a Brasília no
mapa constatei que as duas
cidades se encontravam na mesma latitude, ao longo do paralelo
15° S. Tracei uma linha imaginária conectando ambas as cidades,
demarcando o percurso de minha narrativa cromática.
A linha vermelha se tornou uma abstração ou uma síntese do
meu projeto perpassando ritos, rotas e rastros.
A cochonilha
deixa de ser um inseto, cria formas antropomórficas, gera percursos e se torna uma metamorfose de metáforas
Dissertação
a cochonilha vale ouro : narrativas cromáticas do carmim
A cochonilha do carmim não passa de um mero acaso ou um impulso circunstancial para a criação de poéticas ficcionais. A presente pesquisa de caráter teórico/prático busca reunir uma série de propostas artísticas por meio de uma narrativa poética e de estudos multidisciplinares. A apropriação de conhecimentos e linguagens em outras áreas do conhecimento serviu para fomentar reflexões e proposições artísticas. A série de trabalhos apresentada foi desenvolvida entre 2011 e 2012. As narrativas cromáticas do carmim transitam por todos os capítulos da dissertação, buscando tecer uma unidade e um diálogo com as questões e referências abordadas.
The cochineal carmine is nothing more than a mere coincidence or a circumstantial impulse for the creation of fictional poetics. This study of a theoretical/practical nature aims to bring together a series of artistic proposals by means of a poetic narrative and multidiscipli-nary studies. The appropriation of knowledge and languages from other knowledge areas served to provoke artistic reflections and propositions. The series of works presented were developed between 2011 and 2012. The chromatic narratives of carmine transit all the chapters in this dissertation, aiming to weave a unity and dialogue with the questions and references dealt with.
sábado, 6 de abril de 2013
1 kilo de cochonilha do carmim - 500 soles
1 vôo sobre as linhas de Nazca - 110 dólares e muito enjôo
1 piedra de la Palpa - un secreto
limonada batida com clara de ovo e porquinho-da-Índia frito - que nojo
2 deslizamentos na estrada à Cusco - 22 horas en el micro
1 arroz de Chifas (comida chinesa-peruana) - 5 soles
4,000 metros acima do nível do mar - 1 dor de cabeça e 1 chá de coca
claudio, javier, juan, tony, patricio, richard y linda
1 sala-merengue - 1 carinho nutritivo
1 tsunami no Japão - uma reverberação no Peru
o sonho de Tai - abrazar una llama
diego y rodrigo - 2 irmãos, 2 escultores, 2 amigos
1 pisco - no gracias
você - e eu já não estou mais aqui
la tuna - a palma
Walter - e os 20 soles que você me deve
250 gramas de cochonilha - 70 soles
Lima - São Paulo
São Paulo - Brasília
oro, plata, cochinilla
Ao redor desse pequeno inseto são criadas redes de relações econômicas, éticas, culturais e simbólicas. O uso do carmim movimenta cerca de US$ 75 milhões ao ano no mundo. O consumo do corante cresceu 30% nos últimos 10 anos, devido à constatação de toxinas cancerígenas em determinados corantes sintéticos.
Para cada quilo de cochonilha do carmim são necessários cerca de 150 mil insetos. Já para a extração de um quilo de ácido carmínico, usado como base para a produção de uma variedade de corantes vermelhos, é preciso o processamento de seis a oito quilos de cochonilhas. O Peru produz cerca de 85% dos corantes cochonilha.
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