Ao me deparar com a cochonilha do carmim, impressionou-
me o sacrifício de toneladas de insetos que cumprem a função de
enfatizar a cor do alimento para provocar um estímulo ao paladar, no
entanto, não interferindo nele. Iniciei uma pesquisa assídua sobre a
cochonilha do carmim, suas características biológicas, seu impacto
ambiental e sua possível utilização como linguagem poética. Resolvi
que a cochonilha seria meu ponto referencial, como uma âncora,
que representasse um microcosmo - complementar de todo o resto.
A minha pesquisa com a cochonilha se iniciou com uma inves-
tigação sobre suas características biológicas e sua relação com o
meio, no qual devires poéticos proporcionaram a apropriação de vida meramente funcional ou orgânico. As articulações criadas tor-
naram possível a simbologia da cochonilha como um microcosmo
para reflexões poéticas.
Busca-se
uma transposição desse microcosmo para uma macrovisão em que
a simbologia conduziria a uma reflexão ética e estética. A realidade
passaria a ser percebida por meio de um olhar fragmentado, situado numa realidade fictícia, na qual criamos vários artifícios para torná-la mais apreensível.
A proposta inicial da minha pesquisa sempre foi encontrar uma unidade entre as coisas (por mais arbitrárias ou aleatórias que
aparentem ser) e resultou que a relação entre as coisas é o que cria
a unidade. Busco observar o ciclo de vida da cochonilha do carmim,
ou as transformações biológicas que resultam de sua interação com
o meio ambiente, e a sua utilização como matéria-prima dentro de
um sistema econômico e social.A partir de uma análise do microcosmo, surgem macrovisões
sobre a causa e efeito de sua interação com o meio.
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